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PLURAL: os textos de Suelen Aires Gonçalves e Silvana Maldaner

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Os "Donos do Poder" e o racismo no Brasil 
Suelen Aires Gonçalves
Socióloga e professora universitária

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Aquestão racial na contemporaneidade apresenta-se em dimensões necessárias para a reflexão e a produção de conhecimento no Brasil. O processo histórico e a necessidade de superação das desigualdades estruturais raciais e sociais no Brasil perpassa uma construção de enfrentamento real das relações étnico-raciais como uma estrutura dinâmica que é parte da sociedade brasileira.

CRIME PERFEITO

"O crime de racismo no Brasil é o crime perfeito" disse o Dr. Adilson Moreira, intelectual, advogado e doutor em direito pela Universidade de Harvard. O crime de racismo estrutural é mais do que perfeito. Além da permanência e do uso de estratégias cada vez mais sofisticadas, ele se traveste de várias formas: intelectualidade, opinião, achismo, liberdade de expressão e, pelo que vimos em um artigo recentemente assinado por um professor universitário, de um academicismo, também conhecido como "carteiraço". O chamado "carteiraço", resquício de uma herança colonial e de um sistema hierárquico perverso que nos atravessa, não somente estava presente em uma das mais explícitas manifestações racistas publicadas nos últimos tempos em uma coluna de jornal, como foi usado despudoradamente ao longo do texto.

Temos observado uma intensa polarização de posicionamentos político- ideológicos nos últimos tempos. Apesar da novidade e, por vezes, de exposições que depõem contra o ambiente democrático no qual estes posicionamentos deveriam estar envolvidos, no país onde futebol, política e religião não se discutiam, é de extrema importância que a política, inclusive a partidária, possa fazer parte das rodas de conversa e da agenda da população em geral. A abordagem e um certo acirramento, não obstante, tem envolvido, também, ataques a avanços sociais caros à sociedade brasileira, bem como a grupos historicamente oprimidos e impedidos de acessarem direitos fundamentais e humanos: comunidade negra e indígenas, mulheres e comunidade lgbtt.

CONCLUSÕES RASAS E RÁPIDAS

A desonestidade presente nas conclusões rasas e rápidas sobre as condições em que a maior parte da população deste país vive (essencialmente negra, feminina e lgbtt), associada com uma carga grande de preconceito, culminou em narrativas que beiram o fascismo, onde ser vítima do racismo, machismo e lgbtfobia que mata e abrevia trajetórias todos os dias neste país, pode ser considerado modismo.

O movimento social negro organizado se levanta neste país em uma perspectiva emancipatória, progressista, posicionada nas agendas mais avançadas no Brasil e no mundo. Os ditos "Donos do Poder" homens, brancos, heterossexuais relutam em admitir o racismo estrutural brasileiro que os mantém em espaços de privilégio desde a invasão do Brasil. Porém, não vão asfixiar a potência que é o movimento de mulheres negras de sul ao norte deste país. Esse texto é o primeiro de uma série de outras produções que vamos tratar das questões das desigualdades raciais no Brasil, no Rio Grande do Sul e em Santa Maria. Nós, mulheres negras e brancas, aliadas na luta antirracista, temos um projeto de sociedade livre da violência colonial na construção de uma agenda de direitos. Não vão nos silenciar, jamais! (Com a colaboração de Marta Nunes, professora universitária) 

Em nome de Deus
 

Silvana Maldaner
Editora de revista

style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">Desde que o mundo é mundo, o homem manifesta suas crenças. Teme a seu Deus. No Egito Antigo, acreditavam em vários deuses. Na Índia hinduísta, milhares de santidades são reverenciadas, mas vinculadas ao grande Deus supremo Brahman. Para os países asiáticos, a grande maioria pratica o Budismo e Xintoísmo.

As demais grandes religiões que predominam no mundo se dividem em Judeus, Cristãos e Islâmicos, todos devotos e crentes aos seus profetas, que vieram em tempos diferentes. Moisés nasceu 1526 antes de Cristo, e Maomé, 571 anos depois de Cristo. Mas porque de tantas guerras religiosas? A intolerância ou a ganância por terras, riquezas e poder? O que liga Deus aos homens, se não for sua fé e sua capacidade de amar?

A religião que não liga, não pode ser considerada religião. A religião que mata, que persegue, que critica, que ofende. Homens que usam seus cargos religiosos para oprimir, manipular e, inclusive, abusar, não podem ser considerados religiosos.

Nós vivemos na cultura cristã e tivemos formação europeia. Os primeiros que chegaram eram os refugiados e os piores tipos de ladrões de Portugal e Espanha, que tinham a missão de garantir domínio e posses das coroas reais. Vieram aqui para saquear, dominar, explorar, dividir, colonizar e catequizar. Foram determinando as demarcações, as leis e as penas de quem não as cumprisse. Sofremos até hoje os efeitos e impactos da cultura de tirar vantagem, da manipulação pela fé e da soberba dos governantes.

TRAGÉDIAS E HISTÓRIAS DE EXPLORAÇÃO

Quando estudamos o passado, encontramos igrejas e templos ricos, influentes, poderosos. A Santa Inquisição matou milhares de judeus, muçulmanos, mulheres consideradas bruxas. As cruzadas, as colonizações das Américas e muitos povos foram massacrados em prol da evangelização. Praticamente todos os povos indígenas foram dizimados em nome da conversão ao cristianismo e ao domínio espanhol e português definido pelo tratado de Tordesilhas. Nossos irmãos da América Latina, viveram as mesmas tragédias e histórias de exploração, altos impostos, perseguições e até enforcamentos em praças públicas. 

O que aprendemos nestes séculos? As pessoas ainda continuam brigando, ironizando e, principalmente, descaracterizando a fé alheia. O que pode ser maior do que Deus acima de tudo? O que pode ser maior que a lei do retorno? A lei do plantio e da colheita. A lei da verdade vos libertará.

CENSURA VELADA

No Brasil, a liberdade ao culto religioso é permitida, mas existe uma censura velada. Aqui, acredita-se em tudo, e não se pratica nada. Pessoas que expõem sua religiosidade muitas vezes são alvo de deboche dos ditos cientistas, intelectuais agnósticos ou simplesmente os atoas que acreditam somente na matéria e o que vem da matéria. 

Talvez esta pandemia, seja a guerra invisível, de uma briga não contra um vírus, mas de pessoas que fervorosamente lutam umas contra as outras em prol de seu egoísmo, seus medos, e sua falta de fé.


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